Evento

Programa oferece serviço reflexivo para homens autores de violência contra as mulheres

Por Thiago Cardassi Publicado em: 11/11/2022 17:11 |

Nesta segunda-feira (7), aconteceu o lançamento do programa Serviço reflexivo para homens autores de violência contra as mulheres no âmbito doméstico e familiar. O programa de extensão é coordenado pelo professor George Moraes De Luiz e está vinculado ao curso de Psicologia da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso e Vara de violência doméstica e familiar contra as mulheres de Rondonópolis.

A cerimônia foi realizada no Auditório do bloco D e contou com a presença da juíza da vara de violência doméstica e familiar, Maria Mazerlo, e da desembargadora, vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e coordenadora do CEMULHER-MT, Maria Aparecida Ribeiro (a programação completa com todos os participantes está no final deste texto).

O programa constitui-se em um conjunto articulado de projetos de extensão caracterizados por uma linha de atuação institucional. Neste momento, dois projetos entrarão em funcionamento. O primeiro qualificará trabalhadores, pesquisadores, estudantes, extensionistas que desejem trabalhar com homens autores de violência. O segundo, trata-se da criação de um espaço para reflexão e interação para homens autores de agressão no âmbito doméstico e familiar tipificados na Lei nº 11.340/06, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

O projeto tem por objetivo implementar grupos de reflexão como forma de conscientização e responsabilização dos agressores, favorecendo, assim, a execução de medidas alternativas de prevenção e redução da violência familiar. Deste modo, em caso de homens com medida protetiva, a juíza da vara de violência doméstica e familiar, Maria Mazerlo, terá a opção de enviar os agressores para este serviço, que também estará à disposição de homens que queiram buscar apoio espontaneamente. Os participantes cumprirão 12 módulos ao longo de três meses e meio de prática, uma vez por semana, nas dependências da universidade.

O professor George De Luiz aponta que este é um serviço que já estava previsto na Lei Maria da Penha, mas que muitas vezes não encontra as condições propícias para o funcionamento adequado. A ideia do projeto é sair da lógica meramente punitiva e trabalhar em diversas frentes para a prevenção deste tipo violência por meio da reflexão e da educação transformadora. “Os homens não nascem violentos, eles se tornam violentos nas relações sociais e patriarcais”, explica o professor. Neste sentido, a ação se caracteriza em uma forma de mensurar as perdas, danos e prejuízos decorrentes da agressividade e permitir o compartilhamento de sentimentos, angústias e dificuldades que enfrentam estes homens.

Vinculado a essas atividades, o plano para 2023 é ampliar as atividades do programa e construir um campo de estudos sobre homens e masculinidades, o que envolve a implementação de um projeto de pesquisa em torno da construção das masculinidades na literatura sobre gênero. A atividade deve integrar ações na iniciação científica do curso de Psicologia e a orientação de estudantes no mestrado em Educação da UFR na linha de pesquisa Educação, cultura e diferenças.

Ainda para o próximo ano, o professor George revela que existe o planejamento de mais dois projetos de extensão: o projeto Ser papai e o Ser família. O Ser papai pretende discutir a paternidade com jovens e adultos que desejem ser pais. Já o Ser família vem ao encontro de uma demanda do judiciário motivado pelo aumento de casos de violências domésticas que ocorrem não necessariamente entre cônjuges e companheiros, mas entre membros variáveis da família (tal como filhos que agridem os pais).

O professor também explica que os projetos vinculados ao programa SER (Ser homem, Ser papai, Ser família) são importantes dispositivos para criação de redes de enfrentamento à violência doméstica, de modo a possibilitar a transformação dos modos de pensar, sentir e agir de homens agressores, permitindo que vivências desta natureza não se repitam.