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Outubro Rosa promove conscientização sobre câncer de mama e colo do útero

O câncer de mama e o câncer de colo de útero são os mais comuns entre mulheres no Brasil. Campanha divulga formas de prevenção, diagnóstico e tratamento
Por Thiago Cardassi Publicado em: 14/10/2024 21:10 | Última atualização: 14/10/2024 22:10

Durante o mês de outubro, órgãos de saúde de todo o mundo promovem ações de conscientização sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce dos dois tipos de cânceres que mais vitimam mulheres no Brasil: o câncer de mama e o do colo do útero. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação de ações integradas, todos os anos são mais 73 mil novos de câncer de mama e 17 mil de câncer de colo do útero.

Promovida anualmente, a campanha Outubro Rosa é uma oportunidade para abordar de forma ampliada a saúde da mulher, o autoconhecimento corporal e a consciência a respeito destas doenças. A campanha do Ministério da Saúde em 2024 foca no autoconhecimento corporal. O tema Mulher: seu corpo, sua vida procura estabelecer a prevenção e o diagnóstico como práticas contínuas e não algo específico deste mês. Durante o lançamento da campanha, ocorrida no dia primeiro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que a mobilização tem o objetivo de colocar as mulheres em primeiro plano, respeitando as individualidades e valorizando o ato de observar o próprio corpo.

As primeiras iniciativas voltadas para o estabelecimento de um período de conscientização a respeito do câncer de mama remontam à 1985, quando a Sociedade Americana de Câncer promoveu um grande evento para debater publicamente o tema. Aquilo que no início teve apenas uma semana de duração, tornou-se um mês inteiro dedicado ao câncer de mama, incorporando ao longo do tempo o laço rosa como símbolo mais representativo. Com o passar dos anos, o Outubro Rosa vem ganhando o mundo com a adesão cada vez maior de países que desenvolvem anualmente ações governamentais, de instituições médicas e mobilizações da sociedade civil. O Brasil aderiu à campanha em 2002 e, atualmente, o controle do câncer de mama é uma prioridade da agenda de saúde no país, integrando planos de ações estratégicas para o enfrentamento de doenças.

A Lei 13.733, de 16 de novembro de 2018, incorporou oficialmente a campanha ao calendário nacional prevendo uma série de ações voltadas para o reforço simbólico da data. As iniciativas incluem desde a iluminação de prédios públicos com a cor rosa, até a promoção de palestras, eventos, atividades educativas e a veiculação de campanhas de mídia contemplando o tema. A Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), no cumprimento de seu papel cidadão, apoia o Outubro Rosa por meio da divulgação de informações e compartilhamento das orientações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde.

O que é o câncer de mama?

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Não existe uma causa única para a doença, mas uma conjunção de diversos fatores que podem aumentar o risco de sua incidência.  Homens também podem ter câncer de mama, mas o grupo representa apenas 1% de todos os casos.

A cartilha “Câncer de mama: vamos falar sobre isso!” lista como fatores de risco variáveis comportamentais, hormonais e genéticas (conforme o quadro abaixo). Contudo, é importante lembrar que a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá, necessariamente, a doença.

Fonte: cartilha “Câncer de mama: vamos falar sobre isso?” Instituto Nacional de Câncer, 2024.

Sinais do câncer de mama e prevenção

A prevenção do câncer de mama começa pela redução dos fatores de risco modificáveis. A prática de atividade física, a manutenção do peso corporal adequado, por meio de uma alimentação saudável, e evitar o consumo de bebidas alcóolicas estão associadas à redução do risco de desenvolver câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente. Entretanto, a maior parte dos casos, quando tratados adequadamente e em tempo oportuno, apresenta boas chances de recuperação. Segundo o médico oncologista, José Spila Neto, “uma vez que a gente faça o diagnóstico no início, a chance de cura é extremamente alta e fica em torno de 90%”. Por este motivo é importante estar atento aos sinais e sintomas que podem sugerir a necessidade de uma investigação médica mais detalhada.

As mulheres devem conhecer seu corpo para saber identificar variações incomuns em suas mamas. Observar, apalpar e senti-las é importante para acompanhar as mudanças que são naturais do tempo e aquelas que podem indicar alterações suspeitas. O INCA alerta que alguma diferença entre tamanho e formato entre as mamas são características comuns, entretanto, certos sinais e sintomas são indícios que devem ser observados, tais como:

• surgimento de caroço (nódulo) endurecido, fixo e geralmente indolor. (esta é a principal manifestação da doença, estando presente em mais de 90% dos casos);

• alterações no mamilo;

• pequenos nódulos na região das axilas ou no pescoço/

• saída de líquido de um dos mamilos;

• pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.

O médico oncologista, José Spila Neto explica os dois tipos de cânceres

O oncologista, José Neto, ensina como realizar o autoexame das mamas: “É um exame fácil, você faz na privacidade e conforto do seu lar. […] É importante que a gente pegue, mais ou menos, em torno do sétimo ao décimo dia do ciclo menstrual porque é nesse momento em que a mama fica com menos edema, então fica mais fácil de você identificar nódulo. E tem outro macetezinho que é legal falar, que é você fazer no banho com a mama ensaboada, porque você aumenta um pouco mais a sensibilidade”, ensina o especialista. Para assistir às orientações na íntegra, é possível acessar este endereço eletrônico.

O aparecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama pode ocorrer de forma isolada ou simultânea, mas é importante lembrar que nem sempre eles indicam a presença de um câncer. Em caso de alterações suspeitas deve-se procurar um(a) médico(a) para realizar o exame clínico, que é a observação e palpação das mamas por um(a) profissional da saúde.

Caso a suspeita permaneça, outros exames de imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. O exame de mamografia ou mastografia nada mais é do que uma forma de radiografia com a finalidade estudar o tecido mamário. Segundo o Ministério da Saúde, Em 2022, foram realizadas 4.239.253 mamografias pelo SUS, sendo 382.658 mamografias de diagnóstico e 3.856.595 mamografias de rastreamento. Já no Mato Grosso, no mesmo período, foram realizados cerca de 43.943 exames.

Entretanto, a confirmação diagnóstica da existência de uma câncer só é feita depois da biópsia, técnica que consiste na retirada de fragmentos do nódulo ou da lesão suspeita. O material retirado é analisado pelo patologista para a definição do diagnóstico. O tratamento do câncer de mama pode variar conforme o estágio e as características do tumor, e podem incluir a cirurgia com a remoção do tumor, nódulo ou mama, o uso da radioterapia como forma de eliminação das células cancerígenas, a quimioterapia e a terapia hormonal, utilizada em casos onde o câncer é sensível a hormônios.

Quem deve realizar a mamografia?

A mamografia com finalidade diagnóstica pode ser solicitada pelo SUS em qualquer idade, porém em determinadas faixas etárias pode não ser o método mais eficaz. O oncologista José Neto explica que as mulheres mais jovens ainda contém o parênquima mamário, a glândula que produz leite. Com o envelhecer do corpo, essa glândula é substituída naturalmente por gordura. E uma vez que a gordura é constituída em grande parte por água, essa característica favorece que os raios da mamografia sejam capazes de identificar melhor possíveis nódulos ou cistos. Por esta razão, em alguns casos, especialmente em mulheres mais jovens, o ultrassom pode funcionar melhor. Entretanto, a decisão pelo tipo de exame deve ser tomada junto de um médico especialista.

Já a chamada  mamografia de rastreamento (ou de rotina) é um exame indicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e pelo Ministério da Saúde para mulheres entre 50 e 69 anos, que deve ser repetido a cada dois anos, mesmo na ausência de sinais da doença. Por outro lado, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) faz uma recomendação diferente e orienta que este exame seja realizado anualmente a partir dos 40 anos para mulheres de risco habitual e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. Essa prática pode ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama, uma vez que facilita a identificação do câncer antes mesmo da manifestação dos primeiros sintomas.

As orientações do INCA e do Ministério da Saúde levantam um debate a respeito da idade mais adequada para iniciar os exames de rotina. Atualmente as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, ratificada em nota publicada em 2023 pelo INCA sustentam que o exame de rotina seja realizado a partir dos 50 anos de forma bianual. Contudo, especialistas e entidades divergem sobre o assunto.

De acordo com a nota técnica emitida pelo INCA, estudos indicam menor sensibilidade da mamografia em mulheres com menos de 50 anos de idade, gerando resultados incorretos que podem resultar tanto em sofrimento mental, pelo peso do diagnóstico. Os resultados falso-positivos geram quadros de ansiedade e estresse na paciente e podem levá-la a ser diagnosticada e tratada com quimioterapia, radioterapia e cirurgia, de um câncer que não ameaçaria sua vida. Por outro lado, os resultados falso-negativos podem gerar uma falsa sensação de segurança à mulher, deixando-a tranquila quando, na verdade, ela possui um câncer que deve ser tratado.

Diante da dúvida, a recomendação é que mulheres conversem com seus médicos para decidirem juntos a conduta a ser seguida. Os exames de rastreio não são obrigatórios e devem ser implementados em um contexto de decisão compartilhada, após uma apresentação clara de benefícios e consequências envolvidos no exame.

Câncer do colo do útero

O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de tumor mais frequente em mulheres no Brasil, logo após o câncer de mama. Este tipo de câncer está associado à infecção persistente pelo vírus HPV (Papilomavírus Humano). De acordo com o Ministério da Saúde, este tipo de infecção é muito comum. Estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. A infecção pode desenvolver lesões que, se identificadas e tratadas adequadamente, podem prevenir a progressão para câncer.

O câncer de colo do útero pode não apresentar sintomas em sua fase inicial, mas nos casos mais avançados pode evoluir para um sangramento vaginal que vai e volta ou após a relação sexual. Os sintomas quando se manifestam também podem incluir secreção vaginal anormal, dor abdominal ou durante a relação sexual e queixas urinárias ou intestinais.

O câncer do colo do útero é uma doença que pode ser prevenida por meio da vacinação contra o HPV. A recomendação atual é de dose única para meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos. Mas a vacina também está disponível no SUS para pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados, pacientes oncológicos, vítimas de violência sexual e portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PPR).

Clique na imagem da cartilha “Câncer de mama: vamos falar sobre isso?”, do Instituto Nacional de Câncer, para fazer o download do material.