Educação

UFR expõe coleção de animais taxidermizados

Por Thiago Cardassi Publicado em: 31/07/2024 15:07 | Última atualização: 31/07/2024 16:07
Animais são utilizados para projetos de educação ambiental. Na foto, uma arara-canindé

Estudantes e professores da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) tiveram uma surpresa na manhã desta quarta-feira (31). No meio do saguão do bloco A, uma onça-pintada descansava sobre um dos bancos. O animal taxidermizado faz parte da mostra da coleção científica e de educação ambiental da UFR e da 2ª Companhia de Polícia Militar de Proteção Ambiental do Estado de Mato Grosso. O evento tem atraído a atenção daqueles que passam pelo local, promovendo conversas a respeito da técnica utilizada e da função dos animais taxidermizados.

A iniciativa conjunta entre UFR e PM MT, buscou suscitar a curiosidade e a consciência ambiental dos presentes. A atração principal era a onça-pintada chamada Oz, animal silvestre em situação de vulnerabilidade no Pantanal mato-grossense. O corpo da onça havia sido encontrado já sem vida na região de Nova Mutum, vítima de atropelamento. Além de Oz, outros animais taxidermizados compõem a coleção, tais como um cateto, cutia, lontra, jacaré, tucano, arara canindé, tucano, araçari, cervo do pantanal, tatu, macaco e um filhote de tamanduá, entre outros.

Onça-pintada, Oz, chamou a atenção de estudantes

Os animais taxidermizados contribuem para o desenvolvimento de estudos científicos sobre as espécies e funcionam como meio de promover a educação ambiental. A professora do curso de Ciências Biológicas da UFR, Gisela Barbosa Sobral de Oliveira, doutora em Reprodução Animal, explica que o processo facilita a aproximação das pessoas com a fauna local. “Muita gente nunca teve oportunidade de ver uma onça de perto, saber o tamanho, a textura do pelo, o formato das pintas. Além disso, também é uma oportunidade única para os alunos e alunas aprenderem sobre esse processo de aproveitamento de um animal que morreu, pois a gente consegue aproveitar os ossos, a pele e até coletar material genético pra futuras pesquisas. Nada é desperdiçado”, esclarece a professora.

Taxidermia é uma palavra que significa, em grego, dar forma à pele. Existem registros desta prática que remontam ao Antigo Egito. Atualmente, o procedimento é utilizado pela Polícia Militar de Proteção Ambiental como instrumento pedagógico para promover ações de conscientização ambiental. A 3ª sargento da PM MT, Tania dos Santos Nogueira Silva, explica que a corporação desenvolve trabalhos educativos em toda região sul de Mato Grosso em escolas públicas e particulares, em entidades governamentais e empresas de iniciativa privada. 

Tânia também é educadora ambiental e taxidermista. Ela conta que a exibição dos animais faz parte de uma estratégia para promover o conhecimento e a sensibilidade com a natureza. Ao observar de perto os animais é possível estabelecer uma maior receptividade para a absorção de temas sobre educação ambiental, tais como a conscientização de preservação dos ecossistemas, a responsabilidade ecológica e cidadã, e legislação brasileira específica. 

“Muitas vezes esse é um contato único que aquela pessoa vai ter com o animal em toda a sua vida. Porque animais como esse são selvagens, então se ele estivesse vivo, ela jamais conseguiria chegar perto. Quando uma criança tem a oportunidade de tocá-lo, ela cria um vínculo com esse animal e passa a pensar nele de maneira diferente. Ela sabe que aquele animal existe e que ele precisa do meio ambiente equilibrado. E para manter o meio ambiente equilibrado, precisa da ação positiva do humano” comenta a sargento. 

Espécie de lontra

O procedimento é longo e complexo e pode levar meses até ser concluído, pois demanda recursos e a participação de diversas pessoas para atingir um bom resultado. A sargento Tânia explica que o trabalho inicia com a notificação da PM a respeito do óbito do animal. O corpo do animal é congelado ou conservado em etanol enquanto os insumos necessários para o procedimento são levantados. 

Quando todo o material está pronto, é realizada a limpeza interna do animal e a aplicação de fungicidas, bactericidas e conservantes para preservar a peça. Uma estrutura de ferro é introduzida para dar sustentação ao corpo, que é preenchido com pó de serra e costurado na posição que irá permanecer. Logo após, tem início o processo de secagem que pode levar de 4 a 6 meses.

O trabalho de taxidermização da onça-pintada durou uma semana e foi realizado pelos taxidermistas e educadores ambientais Valdivino Rocha da Silva (3ª sargento da PM MT) e Tania dos Santos Nogueira Silva (3ª sargento da PM MT). Além disso, os PMs contaram com o apoio dos estudantes do curso de Ciências Biológicas da UFR, Juliana Alves Queija e Gustavo Araújo Monteiro Dos Santos, que também possuem a formação em taxidermia.