Universidade Federal de Rondonópolis

PROEX e PRAE | UFR

..

PROEXA divulga projetos de docentes da UFR relacionados ao Meio Ambiente

publicado: 14/06/2022 09h31,
última modificação: 14/06/2022 09h43

 

Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, neste mês de Junho, a PROEXA/DIEX, buscando ampliar o espaço para a divulgação de projetos desenvolvidos nesta temática, entrevistou docentes dos Cursos de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Rondonópolis – UFR (Fig. 1). Nessa pauta, o projeto de extensão “Hotel de polinizadores: Tornando as áreas urbanas amigáveis para abelhas e vespas” coordenado pelo Prof. Dr. Rodrigo Aranda, traz como proposta a criação de abrigos para a nidificação de abelhas e vespas em áreas urbanas, entre outras ações. 

Sabe-se que os insetos estão entre os agentes terrestres mais importantes para diversas funções ecossistêmicas. Apesar de não serem “tão carismáticos” quantos outros grupos de animais, a perda de 75 a 98% de sua biomassa nos últimos anos, em algumas localidades do globo, acendeu um alerta preocupante na comunidade científica. Estratégias visando mudar esse cenário já começaram, uma vez que extinções dessas escalas e proporções são frutos diretos das ações humanas, entre elas a perda de habitat, fragmentação e a perda de funções dos habitats. Entre os insetos, os polinizadores (representados por diversos tipos de insetos) são notavelmente os mais reconhecidos pelas prestações de serviços ecossistêmicos, ou seja, responsáveis pela garantia da fecundação das plantas. Não apenas para plantas comerciais, mas também para manutenção da diversidade genética de espécies nativas de plantas. Entre os principais agentes polinizadores estão os Hymenoptera (do latim, asas membranosas), representados por abelhas, formigas e vespas. Todos já viram alguma referência cultural associando abelhas às flores ou vice-versa! 

A redução de áreas verdes contribui para o declínio dos polinizadores, principalmente no cenário urbano, e diante do declínio atual, já temos conhecimento suficiente para entender que aspectos como urbanização, redução das áreas verdes, fragmentação dos hábitats são fatores importantes para tal redução e que ações que visem reduzir esses impactos negativos são essenciais para serem tomadas em escalas locais, regionais e global. Estudos recentes mostram que espaços verdes planejados e gerenciados em áreas de habitação podem fornecer habitats para alimentação e refúgios de nidificação para polinizadores urbanos. Apesar de pouco compreendido ainda, os espaços urbanos, nas suas diversas formas (áreas verdes, parques, praças e espaços residenciais) são fontes de utilização de recursos para diversas espécies de abelhas e vespas presentes nas cidades.

Quando falamos em abelhas e vespas, todos lembram das espécies sociais, que forma ninhos com centenas a milhares de indivíduos, entretanto mais de 80% das espécies de abelhas e vespas são solitárias! Se viver em um ambiente modificado e estressante com “companheiras” já é difícil, imagine sozinha! No caso de abelhas solitárias, para se estabelecerem em uma região, é necessário ter condições ideais para os locais de nidificação (compreendendo cavidades pré-existentes, troncos de madeira morta, galerias subterrâneas), materiais específicos para a construção de ninhos (folhas, barro, óleos e resinas) e locais de alimentação adequados, muitas flores e diversas. Para vespas, as condições para nidificação são similares, entretanto se alimentam caçando outros insetos, mas visitam flores para obter o néctar. 

Diferentemente das conhecidas abelhas melíferas (Apis mellifera) e dos “marimbondos” (as vespas sociais), as abelhas e vespas solitárias não são agressivas e muito raramente picam (só quando perturbadas e ameaçadas), não havendo preocupações médicas alarmantes quanto a ataques.

Mas o que podemos fazer para ajudar as abelhas e vespas solitárias urbanas? Uma técnica que vem sendo empregada recentemente em diversos países é a melhoria da qualidade ambiental urbana, onde espaços públicos e privados poderiam mitigar os aspectos negativos do desenvolvimento urbano e fornecer habitat para polinizadores. Tendo isso em vista, a incorporação de tecnologias de baixo custo e considerável impacto positivo na diversidade de polinizadores pode ser adotada.

Esse projeto de extensão é financiado pela FAPEMAT em parceria com a UFR, onde envolve a participação de servidores (docente e técnica), além de estudantes de graduação e egressos dos cursos de Ciências Biológicas (Fig. 2). Coordenado pelo prof. Dr. Rodrigo Aranda, o projeto tem por objetivo instalar e incentivar a criação de um ambiente urbano mais amigável para os polinizadores através da criação de ‘Hotéis de polinizadores”. Desta forma, fornecendo abrigo para abelhas e vespas dentro do cenário urbano da cidade de Rondonópolis. Os hotéis serão confeccionados e distribuídos em áreas verdes e escolas públicas a fim de promover a conservação das espécies além de incentivar a divulgação de informações sobre a importância de polinizadores aliado à educação ambiental e a prática da ciência cidadã na colaboração e divulgação do projeto através de mídias digitais.

Espera-se que com a instalação dos hotéis de polinizadores haja a disponibilização de maior quantidade de locais de nidificação para as espécies urbanas de abelhas e vespas. Com isso haja a melhoria da qualidade ambiental para as espécies e aliado a prática da instalação e exposição dos hotéis estimule as pessoas a criarem pequenos espaços de nidificação, alimentação e conservação de abelhas e vespas no ambiente urbano. Com isso haja a compreensão da importância de polinizadores para as espécies vegetais nativas e comerciais; e estreitar o vínculo academia-sociedade no monitoramento e conservação de espaços verdes urbanos.

O projeto está em fase inicial de desenvolvimento, onde as áreas verdes e escolas estão sendo selecionadas para implementação. O primeiro hotel será instalado na UFR e os materiais de divulgação e rotina do projeto podem ser acompanhadas pela página do Instagram @polihotelbiologiaufr

 

.

Fig. 1: Entrevista realizada pela Profª Drª. Débora Fabiane, gerente de difusão das ações de extensão (PROEXA/DIEX), com o Prof. Dr. Rodrigo Aranda dos cursos de Ciências Biológicas da UFR, coordenador do projeto de extensão “Hotel de polinizadores: Tornando as áreas urbanas amigáveis para abelhas e vespas”.

 

Fig. 2: Equipe do projeto de extensão “Hotel de polinizadores: Tornando as áreas urbanas amigáveis para abelhas e vespas”, formado por alunos de graduação dos cursos de Ciências Biológicas da UFR, egressos dos cursos, a servidora técnica Dra. Marta Schorn e o docente e coordenador Prof. Dr. Rodrigo Aranda.