Apresentação

Por Tiago Goto Publicado em: 02/12/2020 11:12 | Última atualização: 12/11/2021 15:11

A região Sul do estado de Mato Grosso encontra-se numa área onde predominam os domínios do Cerrado e do Pantanal. A alteração dos mesmos, em decorrência do emprego de práticas agropecuárias pouco ecológicas, ora pelos produtores da pecuária moderna, ora pelos produtores da agricultura intensiva de capital, ambos voltados, sobretudo a produção de mercadorias para o mercado internacional, por vezes acabam por desestabilizar tanto o quadro natural como o sócio-econômico e cultural regional.

A construção das BRs 163 e 364, no início da década de 70, proporcionou as condições necessárias para o estado de Mato Grosso se inserir, em definitivo, nas políticas públicas de desenvolvimento regional do Governo Federal. Os Incentivos Fiscais, Programas de Colonização e Projetos Agropecuários possibilitaram a vinda de migrantes a esta fronteira agrícola, onde instalaram empresas agrícolas que atuam dentro de um modelo que exige um uso intenso dos recursos naturais, os quais por vezes superam a própria capacidade natural dos mesmos de se regenerar, caracterizando-se por isso como Ambientalmente Insustentáveis, passando a um maior comprometimento da qualidade ambiental e pondo em risco seu desenvolvimento sócio-econômico futuro.

Nesse tempo, o desmatamento e o fogo eram práticas “necessárias” às atividades agrícolas e os Biomas do Cerrado e Pantanal sofreram perdas em sua biodiversidade que se estendem até hoje, ainda bastante desconhecidas, não diagnosticadas e avaliadas pela Ciência. Este é um exemplo notório da contribuição que o Programa de Pós-graduação em Geografia pode dar para a compreensão da realidade regional, nos trabalhos de inventário, estudos e relatórios ambientais por parte da massa crítica geográfica, que pode e deve auxiliar na definição de um modelo de desenvolvimento que também contemple, de modo efetivo, a conservação dos recursos naturais e a preservação ambiental e cultural dessa região.

Para tal planejamento exigem-se estudos geográficos sobre os recursos naturais e aspectos sócio-econômicos deste espaço geográfico de modo a subsidiar as intervenções dos diferentes agentes sociais (governos, empresas, movimentos sociais etc). Assim temas como planejamento do uso da terra, ocupação ordenada dos espaços urbano e rural, planejamento da infraestrutura urbana, monitoramento e avaliação dos impactos ambientais decorrentes dos esforços de organização do espaço pelos diferentes agentes sociais, discussões sobre a estrutura agrária e a questão dos sem terra, estudos votados à compreensão dos movimentos migratórios, entre outros, serão objeto dos projetos de pesquisa que serão propostos em suas duas linhas de pesquisa (Planejamento e Gestão Territorial; Geotecnologias Aplicadas à Gestão e Análise Ambiental).

No tocante a sua função de pólo para serviços de educação, destaca-se que o Curso de Licenciatura Plena em Geografia do Campus da UFMT de Rondonópolis, recebe anualmente, estudantes de mais de 15 municípios da Mesorregião Sudeste Mato-grossense. E que por isso, entende-se que a área de impacto deste Curso de Mestrado em Geografia com sede neste campus, abrange praticamente toda essa região, ou seja, recebendo alunos de quase todos esses municípios.

Assim, considerando-se a intensa e constante procura por parte de profissionais da Geografia e Áreas afins, por cursos de capacitação voltados à compreensão desta complexa transformação sócio-espacial local e da região Sudeste de Mato Grosso (e no Centro-Oeste e região Norte do Brasil como um todo), é que o Departamento de Geografia entende e propõe que o programa de pós-graduação ora pleiteado, seja centrado nos estudos das transformações da realidade geográfica regional, a qual pode ser contemplada pela temática de “Ambiente e Sociedade”.

A criação de um programa de pós-graduação em Geografia no Campus da UFMT em Rondonópolis, na área de concentração “Ambiente e Sociedade”, também se justifica tanto em razão da necessidade de se impulsionar a produção de pesquisas voltadas a análise e compreensão dos complexos problemas SÓCIO-AMBIENTAIS locais e regionais, como forma de melhorar a qualidade da formação profissional promovida pela Universidade; quanto para atender a demanda da sociedade por profissionais com senso crítico e habilidades/capacidades para atuar de modo efetivo junto à gestores e ao setor empresarial, na busca pela IMPLANTAÇÃO DE UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO REALMENTE SUSTENTÁVEL para a região Sul do estado de Mato Grosso.