Institucional

UFR celebra Dia dos Povos Indígenas

Por Thiago Cardassi Publicado em: 19/04/2023 20:04 | Última atualização: 19/04/2023 20:04

Nesta quarta-feira (19), a Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) celebra o Dia dos Povos Indígenas. A data é um marco na luta pelo respeito e valorização da herança dos povos originários, na promoção da cultura da paz, e no reconhecimento de suas existências como fundamentais para a diversidade e riqueza cultural da humanidade.

Os povos originários são todos aqueles grupos que habitavam o território nacional antes da chegada dos estrangeiros colonizadores. Eles possuem suas próprias tradições, cultura, língua, formas de organização social e um profundo conhecimento do meio ambiente em que vivem. Ao longo da história, esses povos nativos foram subjugados e marginalizados por outras culturas advindas de fora do continente e que governaram o país a custa de muita violência sobre as populações indígenas.

A UFR reconhece a importância de apoiar as lutas sociais por respeito e condições dignas de existência. A reitora da instituição, professora Analy Polizel, reforçou a necessidade de se abordar o tema sempre que possível. “Os povos originários foram historicamente perseguidos e excluídos da sociedade, expropriados de suas terras. A Universidade pública tem condições de ser vetor de inclusão quando capaz de estabelecer um diálogo respeitoso e plural com as comunidades indígenas. Nos orgulhamos de nossos estudantes pertencentes aos povos originários e estamos cientes das dificuldades que enfrentam para ingressar e permanecer no ensino superior. Cabe a nós promover o incentivo e a inclusão destas alunas e alunos, uma vez que o acesso à educação pública é também uma forma viável para transformação da realidade social”, afirmou a reitora.

Para promover a inclusão, a UFR apoiou no ano passado a criação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI). A unidade é um sinal de comprometimento da instituição com o combate ao preconceito étnico-racial e promoção de políticas de inclusão para os povos originários e pessoas negras na universidade. O núcleo conta com dois membros indígenas: a autoridade do Povo Bóe da Aldeia Tadarimana, professor Marcelo Terena Coguiepa e a autoridade do Povo Bóe do Meruri, doutorando em direito ambiental, professor Adriano Boro Makuda. Ambos  integram a Comissão Institucional de Heteroidentificação e contribuem para que a UFR se constitua em uma universidade plural, inclusiva e antirracista.

A gerente do NEABI, professora Priscila de Oliveira Xavier Scudder, explica que, no Dia dos Povos Indígenas […] nós celebramos a existência, a vida, a permanência e a luta dos povos originários para continuarem vivos, para fazer preservarem suas línguas, sua cultura e nos ensinar também e reconhecemos a importância destes povos na manutenção da vida”. A professora conta que em Rondonópolis, a aldeia Tadarimana cumpre um papel fundamental, que é de ser um local para preservação do meio ambiente e de respiração para os habitantes do município. Desta forma, a perspectiva dos povos originários nos ensina que “[…] eles não consideram a natureza como algo que possa ser explorado, mas como um Igual, como uma entidade digna de direitos. Quando reconheço que eu sou irmã da água, irmã da árvore, do rio, do vento, eu não posso explorar o meu irmão”, explicou.

O Dia dos Povos Indígenas foi criado pela Lei 14.402/22 em julho de 2022 e substituiu o antigo Dia do Índio, termo considerado problemático por ser genérico e preconceituoso, além de não considerar a diversidade das etnias. Além disso, a palavra índio é frequentemente utilizada de forma pejorativa ou estereotipada, o que pode levar a uma maior discriminação e exclusão dos povos indígenas. A professora Priscila ensina que a alteração do nome foi um passo importante, mas que seria ainda mais bonito e apropriado que respeitássemos a nomenclatura já amplamente utilizada pelos Povos Originários, como eles mesmos se definem.

A UFR reconhece a diversidade cultural e étnica dessas comunidades, que são compostas por muitos grupos distintos com suas próprias tradições, línguas e costumes. A existência dos povos indígenas é atravessada por séculos de violência e, neste sentido, a educação contínua é fundamental no combate dos estereótipos perpetuados ao longo da história. Por esta razão, a UFR também considera que o Dia dos Povos Indígenas é uma oportunidade para valorizar a diversidade cultural e a contribuição dos povos originários para a humanidade, constituindo um momento de reflexão a respeito dos desafios que eles ainda enfrentam e das medidas necessárias para promoção do diálogo e da inclusão necessária.

A bióloga Marinalva Kaiana Rondon faz parte do povo Baikiri e foi a primeira estudante indígena a se formar no curso de Ciências Biológicas da UFR. Na sua defesa de graduação, Marinalva escolheu se apresentar com tinturas de seu povo.


A médica Poãn Trumai Kaiabi, indígena da etnia Trumai e Kaiabi participante do Programa de Inclusão Indígena (PROIND) formou-se no curso de medicina da UFR. “Enfrentei uma luta que não é só minha”.


Comissão de Heteroidentificação da UFR forma pelo professor Ariel Costa dos Santos, o professor Marcelo Koguiepa (cacique da aldeia Ti Tadarimana, do povo Boé Bororo), a professora Priscila de Oliveira Xavier Scudder, professor Francisco Mafra, e o administrador Leandro Basso Motta


Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) Estamira Gomes de Souza