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Defesa pública de mestrado investiga genocídio da juventude negra

Por Thiago Cardassi Publicado em: 24/08/2022 12:08 | Última atualização: 24/08/2022 12:08

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) “Estamira Gomes de Sousa”, divulga a defesa pública de dissertação de Mestrado em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) com o título Pretografia: pedagogia da casa e gramática da morte.

A pesquisa foi desenvolvida pelo historiador e professor, Francisco Otavio dos Santos, com orientação da professora Priscila de Oliveira Xavier Scudder (UFR). A defesa acontece nesta quarta-feira (24), às 13h (horário de Cuiabá) na casa de Candomblé Ilé Ase Ojú Odé e será transmitida de forma online por meio da sala virtual disponível neste endereço eletrônico.

A professora Priscila explica que este acontecimento é um marco para a instituição, pois é a primeira vez, no estado de Mato Grosso, que um grupo de professores doutores saem da universidade para compor banca em um terreiro de Candomblé. Com a iniciativa, o NEABI busca aproximar a instituição da comunidade local com o objetivo de valorizar os saberes e as ciências produzidas nos terreiros, que são agora reconhecidos como Patrimônio Histórico e Cultural por meio da Lei Estadual nº 11.845, declarando as religiões de matrizes africanas e afro-brasileiras como patrimônio cultural imaterial do Estado de Mato Grosso.

No trabalho, o mestrando Francisco Otavio dos Santos investiga o genocídio da juventude negra e seus desdobramentos, levando em consideração as maneiras pelas quais a colonialidade imprimiu ao racismo uma forma de ideologia política e uma prática educativa que, juntos, estruturam o funcionamento de políticas de Estado que evocam para si um direito de matar baseado em processos de racialização do corpo e do espaço.

Ao longo da pesquisa, delineia-se o exercício de um necropoder que determina à quais pessoas é permitido o direito de viver e quais devem ser perseguidas e exterminadas. Para isso, o mestrando retoma e contextualiza os usos da categoria raça enquanto uma ficção inventada pela Europa para justificar seus violentos desejos por dominação, bem como sua transgressão e operacionalização enquanto dispositivo afirmativo de mobilização de luta.

Os resultados parciais do estudo apontam que, para os jovens negros do sexo masculino, o Estado oferece uma educação pautada na perspectiva do encarceramento e da morte, como a mais provável, e talvez a única, possibilidade de futuro. Da mesma forma, os pesquisadores consideram ser possível afirmar que a morte e a violência fazem parte da gramática instituída pelo regime de racialidade, e podem ser compreendidos como elementos constitutivos de uma necroeducação, ou seja, de uma pedagogia que tem por objetivo a manutenção do extermínio desse contingente humano como política de Estado.

Francisco Otavio dos Santos é integrante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) “Estamira Gomes de Sousa”, gerenciado pela professora Priscila de Oliveira Xavier Scudder com a proposta de elaborar, fomentar, acompanhar e promover ensino, pesquisa e extensão voltados à promoção da igualdade e diversidade étnico-racial, enfrentamento do racismo estrutural, institucional e sistêmico na sociedade brasileira. Mais informações sobre as ações do núcleo podem ser encontradas no instagram @neabiufr e no perfil do facebook do NEABI.