Pesquisa

UFR disponibiliza amostra para sequenciamento genético no Museu Nacional do RJ

Amostra de músculo deve permitir identificação de características genéticas e origem do animal
Por Thiago Cardassi Publicado em: 29/07/2024 17:07 | Última atualização: 29/07/2024 17:07

A Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), por meio de parceria interinstitucional, disponibilizou amostra de material genético de uma onça-pintada taxidermizada no laboratório de zoologia do curso de ciências biológicas. O animal foi vítima de atropelamento e encontrado já sem vida em Nova Mutum-MT. A amostra foi extraída e cedida ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para o desenvolvimento de estudos científicos.

O professor do curso de Ciências Biológicas da UFR, Ricardo Kawashita Ribeiro, doutor em ecologia e conservação da biodiversidade, explica que foram retiradas pequenas partes de músculo do animal que serão utilizados por diversos grupos de pesquisa no Brasil. O primeiro grupo a manifestar interesse no material foi a UFRJ, que deve utilizá-lo para fazer o sequenciamento genético da onça.

“A partir desses resultados será possível identificar o fluxo gênico entre populações, entre regiões aqui do Brasil, e até saber se realmente é a mesma espécie, para ver as linhagens, de que lugar o animal veio, se tem uma origem na Amazônia ou no cerrado”, esclarece Ricardo.

O professor e pesquisador do Museu Nacional/UFRJ, Luiz Flamarion Barbosa de Oliveira, doutor em biogeografia, tem desenvolvido um trabalho com onças-pintadas e pardas no estado de Mato Grosso. A pesquisa visa avaliar a abundância, uso do espaço e utilização de recursos por estes animais no Pantanal norte. Além disso, busca contribuir para a conservação da espécie, atualmente considerada vulnerável à extinção.

A professora Gisela Barbosa Sobral de Oliveira, doutora em reprodução animal, ligada ao curso de Ciências Biológicas da UFR, salienta a importância de iniciativas capazes de estreitar a relação entre a universidade, órgãos ambientais e outras instituições de pesquisa. Como a onça-pintada é um animal raro de ser capturado, “[…] a possibilidade de se coletar material genético de um animal atropelado é uma oportunidade única. Além disso, essa espécie já desapareceu de boa parte do Cerrado e Pantanal. Não sabemos ainda a importância desse registro e quais informações genéticas esse macho pode nos trazer”, explica a professora.

Tanto a coleta de amostras quanto a taxidermização estratégica de alguns animais permite a criação de acervos de pesquisa disponíveis à cientistas de todo o mundo. O professor Ricardo Ribeiro afirma que esse intercâmbio de amostras e dados é uma prática comum na comunidade científica e que a UFR participa com frequência de ações deste tipo. “Qualquer pessoa do Brasil ou do mundo que queira acessar esse material pode entrar em contato e a gente fornece um pedacinho do músculo e aí a pessoa poderá desenvolver um projeto e depois trazer esse resultado para a sociedade também”, pontua.

De acordo com o professor, o conjunto de amostras forma um tipo de biblioteca de informações. “Nós recebemos o material, identificamos, catalogamos e organizamos. Depois, a função final da coleção é disponibilizar esse material para a sociedade científica. […] Tem bicho nosso que está emprestado pro pessoal do Mato Grosso do Sul, de São Paulo. A gente disponibiliza nosso acervo da mesma forma que, quando a gente precisa, eles emprestam para nós também”, avalia o professor.

Fachada do Museu Nacional e seu entorno.
Foto por Roberto da Silva.